quarta-feira, 10 de junho de 2009

Artigo - Doc Emmet Brown

DOUTOR EMMET LATHROP BROWN

Nascido em Hill Valley, em 1920, Dr. Brown é o cientista e inventor responsável pela criação do capacitor de fluxo, que possibilita viagens ao passado e futuro. Seu companheiro é o jovem Marty McFly e também, o fiel amigo e cobaia, o cachorro Einstein. Em uma de suas viagens, Dr. Brown conhece a bela professora Clara Clayton, com quem tem dois filhos, Júlio e Verne, batizados em homenagem ao autor que o inspirou a dedicar a vida à ciência e o aproximou de Clara.

O PERSONAGEM

O quarto improvisado na garagem já dá várias pistas sobre a personalidade do morador. Relógios-cuco dos mais diferentes materiais e cores possíveis rodam sincronizados enquanto geringonças preparam o café da manhã, até para o cão Einstein, nomeado em uma homenagem ao físico alemão e um dos grandes inspiradores do habitante da casa. A confusão de caixas e circuitos é o lar de Dr. Emmet L. Brown.

As roupas excêntricas, como os robes laranja ou estampados que saem de casa e ocupam a rua sem problemas, e os olhos sempre vidrados, enérgicos, refletores de uma mente fértil e incansável fazem dele um tipo bem estranho. O cabelo arrepiado e os gestos amplos dão o toque final do estereótipo do cientista maluco e fazem com que grande parte da cidade o veja como estranho e solitário. “Dr. Brown anda como se conduzisse a orquestra do mundo” (por Bob Gale).

Dr. Brown tem o pensamento lógico e racional predominantes, próprios de quem credita aos fatos científicos a verdade de tudo. A obsessão pelos relógios e pelo tempo são algumas provas de como seu pensamento se organiza de forma matemática. Apesar de todas as peculiaridades, tem um alto poder de observação e compreensão das interações sociais e uma personalidade sensível que valoriza amizades acima de tudo, até mesmo da ciência. A sua relação com o adolescente Marty McFly é de compreensão e preocupação mútua e vai se fortalecendo devido aos percalços que a dupla passa. O jeitão de alienado esconde um belo coração.


Até constituir família com Clara, ele é mesmo um quase-solitário e Marty e Einstein cumprem a função de família. Quanto às origens, pouco se pode afirmar sobre os ancestrais do cientista. Sabe-se que os primeiros parentes eram possivelmente originários do Império Austro-Húngaro, tendo o sobrenome de Von Brauns modificado para Browns em decorrência da Primeira Guerra Mundial. Eles chegaram a Hill Valley por volta de 1908.

Talvez dos ancestrais tenha se originado o seu bordão “Great Scott!”, na tradução “Santo Deus!”. Na verdade, não há um consenso sobre a origem da expressão, mas uma das teorias é de que imigrantes alemães, da Baviera ou Áustria, costumavam usar a saudação “Grüß Gott” que foi sendo traduzida para “Great Scott” mesmo que o som não lembre nem um pouco a sua raiz.

Segundo afirmação do etimologista John Ciardi, o Príncipe alemão Albert de Saxe-Coburgo Gotha usava muito essa expressão e, na tentativa de imitá-lo foi surgindo essa tradução bizarra. Essa teoria foi refutada pelo próprio autor em 1985, ano de lançamento do primeiro filme da trilogia Back to the Future. Outra possibilidade é de que a expressão seja americana, surgida pela época da Guerra Civil, em que o General Winfield Scott (1786-1866) do exército dos EUA foi descrito em revistas da época e em diários de soldados como o Grande Scott, em alusão ao seu peso. “Great Scott” aparece também nos gibis do Superman, e na série Heroes, dita, eventualmente, pelo personagem Hiro Nakamura em referência ao Dr. Brown. Ou seja, Dr. Brown usa “Great Scott” porque aprendeu com os pais, na rua, ou é um fã de quadrinhos mesmo, como todo bom nerd.

Em 1920, nasce o bebe Emmet. O menino conhece, 11 anos depois, as obras do escritor francês Júlio Verne. Considerado o pai da ficção científica, Verne foi visionário ao prever viagens à Lua e máquinas como o submarino. Começa aí sua fascinação pela ciência, e inspirado por Viagem ao Centro da Terra (1864), o pequeno Emmet tenta executar uma viagem ao centro da Terra de verdade. Não é difícil presumir que muitas outras experiências foram tentadas pelo pequeno cientista. Se criança já é curiosa, imagina um leitor de Júlio Verne?

A vida de Emmet nos anos que se seguem foi, provavelmente, ligada à ciência. Há algumas especulações sobre em que ele trabalhou. É possível que tenha trabalhado no Projeto Manhattan (que desenvolveu a primeira bomba atómica), nos anos 40, e/ou na Universidade da Califórnia e/ou no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, como professor de física.

Década de 50 – Uma Grande Ideia e um Garoto do Futuro

Ainda vivendo na mansão da família, na Riverside Drive, com o seu cachorro na época, Copérnico, Dr. Brown, em uma corriqueira ida ao banheiro, caiu no chão escorregadio e bateu a cabeça, tendo a ideia que revolucionará sua vida: o capacitor de fluxo, um instrumento que permite viagens no tempo. A data: 5 de novembro de 1955.

O que parecia mais uma idéia de um cientista com um fraco por invenções impossíveis, como o Analisador de Ondas Cerebrais, que permitia a leitura de pensamentos, tomou forma quando, nesse mesmo dia, Dr. Brown foi surpreendido por um garoto dizendo se chamar Marty McFly e vir do futuro. Ele teve certa dificuldade para acreditar, pois os fatos estão acima de tudo, segundo seu pensamento cientifico. Acabou cedendo, pois Marty dizia ser seu amigo e tinha algumas provas de que já o conhecia. Dr. Brown passou então a bolar um plano para levá-lo de volta para o futuro e alertou o garoto para que ele não interfira no passado, ou o futuro pode mudar drasticamente. Esquecendo dos conselhos do cientista, Marty salvou o pai de um atropelamento, fazendo com que sua mãe não o conhecesse e eles não se apaixonassem. Dr. Brown assumiu o papel de conselheiro e, enquanto planejava a volta de Marty, o ajudava a consertar a linha temporal para que ele não desaparecesse.

Antes de partir, Marty tentou alertar Dr. Brown sobre algo importante de seu futuro, mas ele se recusou e rasgou a carta que Marty havia colocado em seu bolso, pois sempre afirmava que não se pode saber muito sobre o seu próprio futuro. Ignorando seus códigos e confiando no amigo, um tempo depois, Dr. Brown colou os pedacinhos e ficou sabendo que morreria atacado por líbios, no mesmo dia em que Marty saiu de 1985, e se salvou usando uma proteção contra os tiros. O DeLorean partiu e o plano de enviar Marty de volta para o futuro foi um sucesso. A sua excitação por ter feito uma invenção que funciona realmente foi interrompida quando Marty apareceu correndo e pedindo ajuda, pois estava preso no passado. Dr. Brown não acreditou e desmaiou.

Como se não bastasse todas as novidades do dia anterior, Dr. Brown acorda com o garoto querendo lhe contar uma história e mostrando uma carta. Marty contou que o DeLorean com o Dr. Brown de 1985 foi atingido por um raio, enviando o cientista para o Velho Oeste, e que na carta, ele pedia para Marty pedir a ajuda de sua versão mais nova e encontrar o DeLorean que estava em uma mina, perto de um cemitério. Enquanto o Dr. Brown de 1955 procurava pela máquina, Marty vê o túmulo do amigo e o alerta. Se Marty não conseguir impedir que Dr. Brown se salve, sua existência seria apagada.

Década de 80 – O DeLorean Alça Voo

Mais de 30 anos se passaram desde o escorregão de Dr. Brown no banheiro até a primeira viagem do DeLorean. Quase toda herança de família foi empreendida no projeto e um incêndio anos antes obrigou Dr. Brown a morar na garagem do casarão. O nome da rua também foi modificado, passando a se chamar John F Kennedy Drive, no número 1646, em homenagem ao presidente, uma troca muito comum na época.

Com o projeto da máquina do tempo quase pronto, Dr. Brown precisava de um combustível específico: plutónio. Para consegui-lo, prometeu a um grupo de terroristas líbios que construiria uma bomba e que um dos componentes era plutónio. Corajosamente, sem nenhum arrependimento futuro, Dr. Brown roubou o plutónio dos terroristas e lhes entregou “uma brilhante bomba preenchida com peças usadas de pinball!” (por Robert Zemeckis).

Depois de testar o DeLorean com o cachorro Einstein e a experiência ser um sucesso, Dr. Brown fica eufórico, grita histericamente, e não é para menos. Dr. Brown realizou o sonho de muitos cientistas que, inclusive, são seus inspiradores. Nem Júlio Verne conseguiria descrever uma máquina assim e H.G. Wells tentou, mas quem deu vida à tão sonhada máquina do tempo foi ele. Os olhos arregalaram mais do que o comum quando mostrou para Marty o painel de datas e todas as possibilidades que eles teriam para viajar.

Mesmo detentor do grande poder de mudar o curso da história, Dr. Brown não usou a máquina do tempo para enriquecer, como o desprezível Biff fez, a sua vontade é poder compreender a humanidade e entender como se deu seu progresso. Por isso, a máquina do tempo é importante para ele, que sempre frisa a necessidade de não se alterar o passado e nem saber muito sobre o futuro. Seu bom caráter e a sua honestidade acabam se confundindo com ingenuidade. Seus únicos vícios são a ciência e os amigos, o que não o isenta de passar por situações perigosas.

Em 2015 – “Rodas?”

Depois de deixar Marty em casa, Dr. Brown resolve conhecer a maravilhas do futuro e programa o DeLorean para 2015. Mostrando-se vaidoso, uma de suas providências no futuro foi uma repaginação total, em que ganhou uma aparência mais jovem e uns 30 anos a mais de expectativa de vida. No futuro, também repaginou o DeLorean que passou a ser ambientalmente correto e usa a energia do lixo comum como combustível. Sem esquecer os amigos, ao saber que algo terrível aconteceria com o filho de Marty no futuro, Dr. Brown volta para 1985 para alertar o garoto.

Sem pensar se alguém os veria, Dr. Brown colocou Marty e a sua namorada Jennifer no carro e retornou ao futuro. O cientista sentiu-se muito responsável pela máquina do tempo e pelo futuro dos que serão modificados por ela. Prometeu a si mesmo que destruiria o DeLorean assim que voltasse com Marty para 85.

O vilanesco Biff rouba um almanaque de esportes que poderia torná-lo rico e, usando o DeLorean sem o consentimento de Dr. Brown, entrega para ele mesmo no ano de 1955, fazendo com que a história sofra uma nova alteração, em que o cientista será internado em um manicómio, sob a acusação de insanidade. Uma versão não oficial da história defende que o Biff jovem foi alertado sobre a possível intromissão de Dr. Brown nos seus negócios e, usando de seu prestigio, teria ordenado que prendessem o cientista no manicômio.

Para reparar essa terrível história, Dr. Brown e Marty voltam para 55 e o Doutor faz alguns reparos no circuito do DeLorean. Acaba encontrando com ele mesmo na Torre do Relógio, fazendo as preparações para a partida de Marty na sua primeira visita a 55. Claro que o Dr. Brown do futuro escondeu-se para que a sua outra versão não o reconhecesse, pois acreditava que poderia promover um paradoxo temporal com o encontro. Vale lembrar que Dr. Brown não se acovardou perante o trabalho físico mais pesado, pois montou toda a estrutura para captar o raio e consertou o DeLorean várias vezes.

Quando tudo estava resolvido, com o Manual recuperado e o DeLorean reparado, era hora de voltar para casa, mas Marty não conseguiu embarcar a tempo, pois o carro e seu passageiro, Dr.Brown, desapareceram depois de serem atingidos por um raio. Sem esperanças de que seu amigo tivesse sobrevivido, Marty ficou comovido. Dr. Brown, sabiamente, enviou uma carta para o amigo que o tranquilizou e instruiu para que procurasse o seu eu de 1955 para ajudá-lo a voltar para casa.

No Velho Oeste – O Doutor Sabe Dançar

Com a idade, Dr. Brown ganhou experiência, foco e seriedade, sem perder suas características essenciais. No entanto, a maior mudança foi sua viagem acidental para o Velho Oeste, sua época histórica favorita. Lá, ele enfrentou o valentão Tannen sem pestanejar, foi sociável com os vizinhos, não era mais visto como o cientista louco, e principalmente, apaixonou-se. Para quem acreditava não haver racionalidade cientifica no conceito de amor à primeira vista, conhecer Clara foi uma violação a todas as leis da física.

A delicada professora despertou o lado príncipe de Dr. Brown, que sem pestanejar, a salvou de cair no precipício em que ela morreria, alterando o continuo espaço-tempo. No Velho Oeste, Dr. Brown mostrou seu lado mais divertido, quase um pé-de-valsa conduzindo a bela Clara na festa da cidade, como perfeito cavalheiro, romântico e gentil. O amor à primeira vista foi correspondido, sem que ela pestanejasse. O par romântico compartilhava o mesmo gosto pela ciência, pelas estrelas e por Júlio Verne.

Dividido entre a razão (pois precisava ir embora com Marty) e a emoção de viver com seu grande amor, Dr. Brown cedeu à emoção e, talvez, pela primeira vez tenha entendido que o futuro não está escrito, é construído de acordo com nossas escolhas e que é preciso viver de acordo com o seu coração, que é o verdadeiro pai da ciência. Dr. Brown talvez não tenha descoberto só a máquina do tempo, mas, sim, a máquina humana, a qual havia dedicado grande parte da vida tentando entender.

Fonte: Cinema com Rapadura

Um comentário:

  1. muito bom o artigo, também poderia fazer um sobre o Marty McFly!

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